terça-feira, janeiro 09, 2007

O que é feito do MEC?

Pergunta parva no mínimo, e no máximo extremamtente idiota, está cá, vivo e escreve habitualmente, apenas não aparece na TV, se isso é o cerne da questão, então ainda bem que MEC desapareceu. Não é por estar na TêVê que é melhor, Mec é bom desde que acorda.
Irrita-me o facto da s pessoas comentarem, "Ah... coitadinho, dantes quando tinha prestígio e estava na Sic é que era... agora é só fumaça... uma sombra do que era!"
Ora bem, se era genial antes... o génio irá perdurar mesmo sem mediatismo. MEC, é eterno, MEC cravou uma geração a ser mais espontânea e liberta, fez com que gostassemos de ser porteguesinhos, satiriza até ao mais ínfimo pormenor os hábitos e as características dos portugueses, com um humor cortante e irresistível... Da asneira mais rude à frase mais poética MEC descobre uma constante provocação analítica (ou análise provocadora) da realidade do país e do povo.
As brilhantes crónicas, de teor satírico fez-me aplaudir, mas também as palavras escritas sobre música pop publicadas nos jornais "Se7e", "O Jornal" ou "Música & Som" eram avidamente lidas, como se da minha vida dependesse isso.
A escrita de MEC é e sempre foi uma lufada de ar fresco que revolucionou o jornalismo português em tempos e faz hoje com que seja menos cinzentão. "Nós, os portugueses de Portugal, descendemos dos gajos que cá ficaram e não dos que foram descobrir o mundo. Esses por lá ficaram!"
O mestre escreveu um dia sabiamente: "O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido. (...) Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver num amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo."
MEC, Miguel Esteves Cardoso, deverá ser um dos ídolos que possuo desde miúda, alguém inatigível, alguém que honro em ler, e arrepio só de pensar que um dia deixará este lado mundano, por saber que mudou-me a ser uma melhor mulher, cheia de olhar crítico e com alguma piada. Obrigada por existires, pá!

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