Numa resposta ao que a mulher quer, encontrei uma leve sugestão na minha mente como quem entra em casa abandonada, mal vivida e com leve cheiro a bafio. É de facto uma honra partilhá-la com quem gostamos, aos nossos olhos muitas vezes está limpa e arranjada, pronta para visitas, mas, quando servimos a bebida da praxe percebemos que os copos não estão lavados, o chão não foi varrido, a mesa ainda tem os restos de um jantar dado ainda chovia muito e a conta da luz foi esquecida. Aparece o medo e a vergonha...
Queremos subitamente ser melhor que a aquela vizinha do prédio em frente, que tem um bom par de mamas, um cabelo impecável, que bebe um copo alto de vinho toda nua de persiana aberta, um sorriso invejável e possui último par de sapatos da colecção Prada que não se estragam na calçada portuguesa. Queremos ser melhor, e esquecemos que a vizinha também nos olha com o mesmo desdém. Essa crueldade feminina que move na crítica pura do alheio, valorizando menos o que temos procurando estar em alerta vermelho para o que há à volta.
Então o que é que uma mulher realmente quer? Para além da clássica família com cão e jardim?
Quer ser amada com a razão, sem ser molestada com apaparicanços?
Ninguém sabe, nem sequer a mulher, pois é um ser que desconfia até da cor do verniz que coloca, achando que se calhar a "outra" (genérico para o gajedo em geral) poderá ter uma cor mais audaz que vai fazer melhor figura.
No fundo, a mulher quer mimos, porque esquece-se de mimar. Reconhece que por mais independente, correcta e responsável que seja, gosta de sentir um abraço no meio da noite, uma flor no WC antes do duche ou um bilhete à tarde com uma proposta irrecusável, mesmo, que tenha de ir buscar os pequenotes à creche, vai aceitar num ápice com um sorriso de menina envergonhada.
O que a mulher quer, é ser surpreendida, não todos os dias, mas perceber que é especial e valiosa, mesmo que seja a vizinha podre de boa, a confiança esmorece quando não tem a atenção devida.
Poder dizer, aqui, com toda a loucura a rondar com estas palavras sem recheio de morango, valor acrescido, ou peso morto, no fundo deixaram de ser Palavras, apenas são minhas, expostas de forma aleatória numa vitrine bem iluminada sem promoções de época.