"E quando isso suceder?" questionou-se perdida, perdida no momento da perfeita consumação exacerbada de plenitude na pergunta de passar o resto da vida com alguém. Arrebatada de alma e coração, em intrínsecos nobres sentimentos, sugando o amor que corre nas veias e que a consome cada dia mais um pouco.
Parou.
Porque a beleza de amar vem de dentro para fora e não de fora para parte incerta. Logo, a necessidade de cuidar é diária. Será que isso irá acontecer? Não se pode passar num tic-tac incessante de ansiedade para apontar que é agora. Mantemo-nos tranquilos, com a esperança de honestidade crescente e evolutiva de sinapses de luzes fluorescentes. Porque passamos uma vida sem namorado, tiramos férias remuneradas de nós e gostamos. Ao mesmo tempo, o Amor move-nos. E estamos cá por Amor e só o Amor que queremos.
Saber que é para envelhecer ao lado de alguém é como colocar os braços à nossa volta para imaginar que alguém os está a abraçar, mas sempre, num amor assustador que arranca lágrimas de felicidade desconhecida. Vontade plena de querer correr ao lado e saltar de nuvem em nuvem, mesmo sabendo que se cai. São risos não se ouvem. Ouve-se só o assobio da brisa, a folhagem, os grilos, os pássaros... Primaveras contidas e percorridas.
Acabar juntos, mesmo que numa pensão enrugada, ondes as rachas das paredes são mais fundas que as marcas de idade na nossa pele, onde a partilha de uma caixa de gelado poderá ser feita a duas colheres enfiados na cama e fechar os olhos sabendo que se os abrir os outros estão lá a olhar, mesmo que cansados. Estarão a brilhar.
"E quando isso suceder?"... Já não preocupa. Quando isso suceder, estará a vivê-lo, sem pressa, apenas a acreditar que se está lá.
Será só o que poderá acontecer, um eterno amanhã à tarde.