Bolas, arrepiei-me!
Num meio de troca de cigarros, e no eterno olhar cumplice... despedimo-nos com sincero abraço.
Esta noite acordei em sobressalto... e normalmente durmo bem tranquila, sem qualquer importuno, uma pedra, às vezes é mais um bloco de cimento com placa titânica mas devido ao facto de me ter deitado bem cedinho e ter portado bem durante o dia e noite em casa da madame kurra e do meu partener Pet, a auguinha do bob, o chegar a chez mói foi bem pacífico, e com a vaga de calor só apeteceu acender a velinha de cheiro refrescante e pôr no Hi-Fi aquele CD de inspirar até os mais incrédulos, Hederos & Hellberg “together in the sadness”, antigo é verdade, mas belo e puro na sua simplicidade. Lá repousei, deitada da minha cama com lençóis fresquinhos a cheirar a lavanda, lentamente fechei os olhos ao som da voz de Mattias e da harmónica muito ao estilo de Dylan e adormeci na paz. PERFEITO!
Senão quando, a senhora minha vizinha, mais seu companheiro decidem praticar a arte d’O amor, normalmente ou nunca estou em casa quando isso acontece, ou se calhar é tão raro e praticam em outras divisões sem este espalhafato todo. Sinceramente, senti que deveria chamar o 112, por momentos achei que ele lhe estava a arrancar um rim a seco, sem qualquer anestesia, tal era a gritaria. E depois parou... e eu já estava acordada, pensei, “ Pronto, acabou... já deu aquela do mês, deve ter acabado com ela e agora esta a esconder os membros em sacos do lixo separado....!”
Mas não, não tinha terminado... ouvia-se sons ainda mais estranhos que a gritaria, eram sons ritmados e não creio que seja de uma mola da cama, mas de uma valente tareia, à séria. A dita sova, não era nela, o homem lá balbuciava coisas que na minha cama soavam “Auuurgghhtt ssskknnmmmo oommmmuu mmmnn!” mas com todo o sentido. Ainda durou alguns momentos até a se terminar o espacamento. Quem já estava cansada era eu, olhei para o despertador onde já não tocava o CD, eram 3.28H da manhã de um domingo de final de mês, só pensava: “Olha agora, eu quando ando aqui nas minhas cambalhotas & flics flacs não perturbo vizinhos de forma a duvidarem das suas capacidades vocais sangrentas!”.
O silêncio voltou à Penha, mas foi só por breves momentos... o gato dela descobriu que estava com o cio, e miava como se não houvesse amanhã, e talvez excitado com a dona e a sua performance, lá inicia a sua cantilena esganiçada. O pior foi, quando já fumava um cigarro na sala, stressada com todo este Carnaval, os enamorados decidem ouvir Scorpions e ouvia-se a varinha mágica a trabalhar... Para mim Basta! Acordar assim, e ainda por cima ter de ouvir que iam comer uma sopinha para aconchegar o estômago ao som de baladas manhosas é que NÃO!!! Fui para o escritório com a manta e lá culminei o meu “piroso” sono armada em betinha.
Tinha de me calhar este casal de " weirdos" com vontade em se armar em fadistas cabeludos aos caracois compridos, com corpos surradinhos pela noite a fora. Não estou a censurar, mas bem que podiam pôr uma mordaça na boca dela, se calhar óleo nas dobradiças dele, quiçá alimentar o gato com a sopa e partir aquela aparelhagem com a varinha mágica.