
Em andanças para 2010


Love is a fast song with a low beat.
Brindou com o seu coração totalmente aberto, já a derreter na boca e sem sede, percebeu que tinha escorregado nobres partículas para as veias onde bailavam seguras e batiam como nunca. Segundos passados, irriga o sangue na cabeça e mexe o dedo mindinho por vontade de mais. Nada ficou comprimido, só o nome que dantes era mutante dita-se agora, amor, na corrente das horas sentidas como instantes de memória, ela move-se ao som de piano de cauda.
Aos que pensam que dizem mas não o fizeram, aos que sentem mas omitiram, aos que mostraram mas pouco concluíram. Desde que se faça acreditar, o modo deixa de ser implicativo.
Na intimidade serena de um abraço ela revela "Sabes que que há uma sintonia quando conseguimos sentir o batimento cardíaco do outro, o nosso coração começa a acompanhar o mesmo ritmo, tornando-se num só..." A resposta foi um "Uhm..." já perdido num sono que prestava sentinela desde o início. 
Acho interessante verificar os graus de intimidade das pessoas comuns, dos abraços sentidos, do puxar de gargalhadas, do pular para uma anca, rodopiar de contentamento, abrir as mãos e livremente bracejar de alegria sincera, até mesmo do beijar na boca com o afecto familiar, cumplicidades vividas intensamente... Tudo isto cingindo-se a um grau de amizade profundamente bela.
Sem promessas, encargos, tropelias, avanços, trabalhos ou responsabilidade apenas um fio condutor que por magia oferece encanto. Num todo, há um sabor a insolência por desejar num futuro um pouco mais, respondendo assim às impossibilidades intemporais exigidas por sociedades de rápido consumo. Devolve-se quase sempre a uma só noite trivialmente preenchida que reconhece ser anónima, mas, confidencial para por fim amanhecer em pensamentos fechados. Individualmente constroi-se até o sol cair, para de novo garantir o início próprio.
Foram as férias, foram os sabores e sempre sem as ligeirinhas marquinhas de biquíni, mas o sorriso esteve lá sem mistério, uma osmose aproveitada com sensações únicas que passeiam já na memória recente de sabor fresco e doce.
Crises agudas no trabalho, nem sequer dá tempo para traçar a perna e apreciar o sol que solta um belo sorriso. Desconfio sempre quando o Natal chega-me e ainda estamos com resquícios de bom tempo. Dureza de espírito de engravatados ainda com horário de Verão, queremos dar cultura, mas só temos contas de relatórios binários.
A Moda Lx começou há umas horas e eu fui ver filmes franceses/árabes para o S. Jorge. Lembrei-me de logo da triste memória de uma fita de 7 mulheres cegas realizadoras e quanto deprimida saí da sala. Felizmente, consegui parar a tristeza a tempo, que arrelias já tenho as suficiente, não preciso de estar sentir as dos outros. 

Festival RTP 1974: Green Windows - No Dia Em Que O Rei Fez Anos
"Voltas mudo ou cantas a minha saudade?" anseou a pequena armada em dura.
Da cabeça que une ao meu corpo, muitas vezes saem pensamentos bonitos, saudações puras e palavras abençoadas. Mas, por vezes do nada escorrem outras colecções de cromos de segunda época sem significado e sentido que minam tudo construído até a data (e bem). Dramas explosivos a galope de pensamentos mudos que são movidos por inseguranças construídas de lendas antigas doutros carnavais sem serpentinas e confettis. Irra, que sou moça que por vezes não tem tento no pensamento vago, e mistura tudo na sopa sem vida, e não tem a delicadeza em servir uma salada com cruttons salteados em molho vinagrette como entrada decente.
Alguém disse um dia que sexo só é indecente, quando bem feito. E os sonhos picantes que invadem a noite? Serão quimeras de uma vida sã quando nos deixam ao acordar num arfante estado sem palavras? Segundo Freud, o sonho é a realização do desejo... Então estes sonhos ricos, que trazem de volta a capacidade estável de (re)descobrirmos-nos, passam a ser um amor que não se define, apenas sente-se de olhos semi-cerrados? 
